Xodó de artistas e de parte da população, a Sala Mário Lago abre as portas para o público neste domingo (23). O espaço, localizado num dos cartões postais de Jacareí, o Pátio dos Trilhos, não recebe atividades culturais desde o início do ano por causa de reformas.
“Precisamos fechá-la para reformar instalações e também fazer adequações recomendadas pelo Corpo de Bombeiros. Por se tratar de um prédio histórico e ter a estrutura de madeira e taipa, também foi preciso realizar serviços de descupinização”, explica a presidente da Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu, Sonia Ferraz.
Para retomar as atividades na Sala Mário Lago, a Fundação Cultural de Jacarehy programou duas atrações: A exposição “Aquarela”, de Juliano Mazzuchini e o Duo Instrumental Italiano, com a pianista Michele Rossetti e a vilonista Kathia Ghigi.
A apresentação das duas artistas começa às 17 horas no palco da Sala, com obras de Bach, Mozart, Brahms, Schubert, Rachmaninov e Bartók.
No mesmo horário, no saguão, é aberta a exposição de Mazzuchini, que apresenta 15 aquarelas que revelam retratos e paisagens. A visitação pode ser feita até 23 de novembro, 8h às 14h, de segunda a sexta.
Autodidata – Formado na Escola Livre de Teatro de Santo André, Juliano Mazzuchini é mais conhecido por sua atuação nos palcos, onde desde 1999 encenou 10 peças e dirigiu “Atenciosamente Senhorita ‘N’”.
Mas recentemente descobriu sua vocação para a pintura. O artista que se define como “autodidata”, começou a pintar aquarelas há um ano. “Surgiu a vontade de pintar. Nunca estudei artes plásticas. Então fui fazendo algumas experimentações e as aquarelas foram surgindo. As pessoas gostaram, e vieram inclusive encomendas. Então veio o primeiro convite para expor em uma galeria em São José dos Campos e agora em Jacareí”, comenta. Entre os artistas em que busca referências, ele aponta o brasileiro Carlos Avelino.
Patrimônio – Localizada no Pátio dos Trilhos, a Sala Mário Lago compõe, juntamente com os prédios que abrigam sede da Fundação Cultural de Jacarehy e a Diretoria de Cultura, um dos principais conjuntos arquitetônicos correspondentes ao período áureo das estradas de ferro na região.
Antes de se tornar famosa como espaço cultural, a Sala Mário Lago passou por uma delicada restauração em 2002 que permitiu preservar o seu valor histórico e ao mesmo tempo concebê-la como um equipamento de cultura e lazer. O nome é uma homenagem ao compositor Mário Lago – que não nasceu nem morou em Jacareí. Mas graças a uma iguaria, a cidade acabou ocupando um lugar na memória desse grande artista brasileiro. No livro “Bagaço de beira-estrada”, com uma linguagem poética, Mário Lago lembra: “…a secura com que esperávamos a parada do trem em Jacareí, onde um bando de garotos vendia uns biscoitos feitos na terra, mesmo, chamados por meu pai de manjar do deuses…”
(Rosana Antunes/PMJ)