O tempo seco aliado à falta de conscientização tem contribuído para o aumento de queimadas no município. Segundo a Defesa Civil de Jacareí, têm sido registradas de duas a três ocorrências por dia.
“Tanto a Defesa Civil quanto o Corpo de Bombeiros têm atendido ocorrências de queimadas diariamente. Muitas vezes, começa com um pequeno fogo em mato e acaba se transformando em incêndio”, diz o diretor da Defesa Civil de Jacareí, José Donizete de Toledo.
O período de estiagem, que é a redução e até mesmo ausência de chuvas em determinado período, favorece o surgimento de queimadas. Mas segundo Toledo, a população pode ajudar na prevenção. “A conscientização de não atear fogo no mato ou em lixo é fundamental para a prevenção das queimadas, que além de serem uma agressão ao meio ambiente, trazem riscos à saúde”, destaca.
A aposentada Betânia Maria Pereira de Campos lembra que há alguns dias seu quintal foi invadido por fuligem e uma poeira preta, oriundas de uma queimada realizada em área próxima à sua residência, no Jardim Califórnia. “A queimada é um transtorno, não só pela sujeira que causa no quintal ou nas roupas que estão no varal, mas também porque prejudica a nossa saúde, principalmente das pessoas que têm problemas respiratórios. E os idosos e crianças são os que mais sofrem”, lamenta.
Mãe de um bebê de 11 meses, a podóloga Pâmela da Silva Rondel, também sofre com a fumaça causada pelas queimadas. Moradora da região oeste, também reclama: “Nesta terça (28), tive de fechar todas as portas e janelas. E mesmo assim acaba entrando em casa e suja todo o quintal”.
Trabalhando em casa por conta quarentena, a analista Camila Gonçalves conta que tem sofrido com as queimadas na zona oeste de Jacareí. “A prática de queimadas tem sido frequente no nosso bairro Jardim Terras de Santa Helena. O ser humano não entende que o ar já está bem seco e, ainda mais nesse momento de isolamento, o problema se torna maior. Juntando tempo seco e queimadas, sabemos que só piora a qualidade do ar, causando um desconforto imenso para quem fica respirando essa fumaça”, comenta.
Danos à saúde – A médica Rogéria Lucia Pereira explica que a fumaça proveniente das queimadas é composta de diversos elementos tóxicos, que constituem partículas bem pequenas e muito finas que podem percorrer todo o aparelho respiratório, chegando até os alvéolos pulmonares e pode atingir, inclusive, a corrente sanguínea, provocando complicações à saúde.
Segundo ela, ao inalar a fumaça a pessoa pode apresentar quadros mais leves como ardência na garganta, tosse seca, falta de ar, dor de cabeça, dificuldade para respirar e lacrimejamento. Porém, para crianças e idosos, que são a parcela mais sensível da população, ou ainda para pessoas que já apresentam doenças prévias como rinite, asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica, as consequências podem se agravar.
“Portanto a fumaça, proveniente de queimadas, representa uma ameaça à saúde pública, por conter diversos elementos tóxicos, como o monóxido de carbono, que quando inalado pode impedir o transporte de oxigênio para todos os tecidos do nosso corpo, causando complicações para o pulmão e o coração, podendo levar a óbito”, alerta.
A médica dá algumas orientações para amenizar os efeitos do tempo seco. Segundo ela, a primeira é evitar proximidade ou contato com áreas de queimadas ou incêndios. “No dia a dia, a dica é fazer uma boa hidratação e umidificar bem os ambientes com vaporizador, bacia de água ou até mesmo com toalhas molhadas”, sugere.
Combate – E para a população ajudar no combate das queimadas, que fazem tanto mal ao meio ambiente e à saúde pública, a Defesa Civil dá algumas dicas:
– Não jogue cigarros ou fósforos acesos às margens de estradas, rodovias e terrenos.
– Não faça queimadas, pois oferecem risco à saúde e à vida das pessoas, podem danificar a rede elétrica, entre outros prejuízos.
– Não solte balões. Fabricar, vender ou soltar esse tipo de objeto, além de ser crime ambiental, oferece perigo à vida das pessoas e muitos danos à natureza.
– Não solte rojões ou fogos de artifício próximos a áreas de mata.
– Denuncie no caso de identificar atos suspeitos. Ligue 190. Em caso de focos de incêndio ou até mesmo fumaça suspeita, acione o Corpo de Bombeiros pelo 193.