Ser caminhoneiro não é uma profissão fácil. Dirigir a maior parte do dia, muito tempo sentado, com uma alimentação nem sempre saudável, e quase todo tempo dedicado ao trabalho, muitas vezes, sem disponibilidade para cuidar da saúde.
Foi pensando nessa vulnerabilidade da profissão que, nesta sexta-feira (23), a rede de atenção básica de Jacareí, através de uma equipe de Saúde da Família do bairro Igarapés, decidiu chegar ativamente nesses caminhoneiros, em um posto de combustível da cidade, para oferecer serviços básicos de cuidado e atenção integral à saúde.
A enfermeira responsável pela ação, Rochele Stobe Trein, identificou a dificuldade desse público acessar os serviços de saúde. “A grande maioria já tem alguma doença crônica, como hipertensão ou diabetes e não fazem um tratamento adequado. Inclusive, relatam que não utilizam a medicação necessária, o que nos leva a encontrar alteração nas verificações”.
Os caminhoneiros que chegavam ao posto foram abordados pelas equipes e convidados a receberem os cuidados. Entre os serviços prestados, está o teste de pressão e glicemia, teste rápido para HIV, Sífilis e Hepatite, vacinação contra a febre amarela, avaliação bucal e aconselhamento sobre cuidados contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s).
“Eu me interessei em receber esses cuidados porque queria verificar a pressão e a glicose. Já aproveitei e fiz o teste rápido de HIV e Sífilis”, afirma o caminhoneiro Antonio Clezio, de 52 anos, que é da cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, e já trabalha como caminhoneiro há 30 anos.
Ele também contou que passa maior parte do tempo na estrada, chegando a ficar na sua casa apenas de três a quatro dias por mês. “A gente viaja direto, é difícil passar em atendimentos de saúde na cidade. Quando fico em casa é no sábado ou domingo, dias que não tenho muito acesso a esses cuidados”.
Além disso, foram distribuídos preservativos e kits de higiene bucal contendo escova de dente, pasta e fio dental.
Para Oscar Rubio, proprietário do posto, essa ação é de extrema importância porque “esse pessoal é vulnerável e na maior parte dos casos não se cuidam direito, e essa é uma oportunidade deles se cuidarem. É uma parceria que nos traz muita alegria em oferecer esse serviço social para esse público”.
(Guilherme Mendicelli/PMJ – Foto: Cristina Reis)