Uma das mais antigas do Estado de São Paulo, a Guarda Civil de Jacareí foi criada em 31 de outubro de 1960. E para comemorar, a Secretaria de Segurança e Defesa do Cidadão promove uma homenagem nesta quinta-feira (31), às 9h, no pátio da corporação, na avenida Siqueira Campos, Centro.
A comemoração dos 58 anos também traz conquistas recentes que marcam uma nova fase da Guarda Civil como a implantação do estatuto, a partir da lei 97/2017 e o regulamento disciplinar, estabelecido pelo decreto 444 de abril deste ano. Desde o ano passado, os novos guardas civis que ingressam na corporação passam por um curso preparatório, que segue um cronograma e grade curricular de acordo com a SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública). “Essas leis são conquistas importantes que organizam as atribuições da Guarda Civil”, avalia o guarda civil Luis Antônio, com 26 anos de carreira.
O secretário de Segurança e Defesa do Cidadão, Paulo Henrique Domingues, ressalta que as medidas, além de inovadoras, fortalecem a identidade da Guarda Civil: “Hoje há um plano de carreira e um regulamento que define as atribuições dos guardas civis. Os novos integrantes passam por uma formação, sendo que antes não havia essa preocupação de prepará-los para atuar no patrulhamento preventivo junto à municipalidade”.
As inovações também refletem no serviço prestado à população pois, além de zelar pelo patrimônio público, a Guarda Civil realiza o trabalho preventivo por meio da Ronda Escolar, Patrulha Guarda Amigo e também a Patrulha Rural, essa última implantada em março. “O patrulhamento rural era uma antiga reivindicação das entidades e produtores rurais e consiste em rondas diárias realizadas na região agrícola, percorrendo estradas sem asfalto e de difícil acesso.”
Outra novidade que está sendo implantada é o Patrulhamento Maria da Penha, inspirado na lei homônima, o serviço vai atender ocorrências que envolvam mulheres vítimas de violência doméstica. O compromisso para o início dos trabalhos deve ser firmado na tarde desta quinta-feira (31), durante uma reunião do prefeito Izaias Santana e o secretário Domingues com membros do Ministério Público de São Paulo, na capital paulista.
Em breve, o trabalho da Guarda Civil também poderá ganhar um reforço importante por meio do monitoramento de câmeras, a partir da implantação do COI (Centro de Operações Integradas), cujo processo licitatório está em andamento. O sistema de videomonitoramento tem como objetivo auxiliar na segurança da cidade. Inicialmente, vai operar com 116 câmeras, incluindo tecnologia de zoom com longo alcance, distribuídas em pontos estratégicos da cidade. As imagens capturadas serão compartilhadas com as polícias Militar e Civil e contará com transmissão imediata para tablets que guarnecerão as viaturas da Guarda Civil, assim como as da Diretoria de Trânsito.
Memória – Nessas quase seis décadas, a Guarda Civil passou por muitas mudanças. E muita gente nem imagina que no lugar das atuais viaturas, lá no ínício dos anos 1960, a ronda preventiva em toda a cidade era sob bicicletas.
Um dos guardas civis com mais tempo na ativa, Claudio Parente, 57 anos, chegou à corporação há 33 anos. Nessas décadas de trabalho, “coleciona histórias” . “A gente tem muita coisa para contar, algumas boas outras nem tanto”, diz. Entre as boas lembranças, está a sua experiência como novato. “Eu tinha uns 25 anos na época e fui designado para dirigir uma viatura, zero quilômetro. Para mim foi motivo de muita emoção”. Na mesma década, em 1987, Parente lembra também de um fato triste que marcou muito sua carreira, o acidente grave envolvendo um ônibus lotado de passageiros, na altura do quilômetro 162 da rodovia Presidente Dutra. O trecho (do km 160 ao 170) era conhecido como o “Retão da Morte, por ser muito perigoso. “Os carros foram batendo até formar 20 quilômetros de engarrafamento, resultando em mais de 15 pessoas mortas e muitos feridos gravemente. Trabalhamos mais de 18 horas seguidas no socorro às vítimas. Foi um momento de muita comoção”, relata.
E enquanto traz à tona suas memórias na Guarda Civil, Parente é observado por Welington Diniz, 32 anos, filho de Silvestre Diniz, guarda civil aposentado, que naquela ocasião, atuou ao lado dele no socorro às vítimas do grave acidente. “Sem dúvidas meu pai me influenciou na escolha da minha carreira, pois sempre quis ser guarda civil. Hoje tenho a oportunidade de trabalho ao lado do Parente”, afirma o jovem Diniz.
Ele tem de idade o tempo que Parente tem de carreira, representa a nova geração de guardas civis. Mas é na sua atribuição cotidiana de zelar pela frota da corporação que se depara com um dos veículos que marcam a memória da Guarda Civil: a viatura mais antiga da frota em uso, um fusca, fabricado em 1994 e que já virou xodó de todos, sendo atração em desfiles cívicos e até exposição de carros antigos.
(Rosana Antunes/PMJ – Foto: Cristina Reis/PMJ)