Até 1759, a Educação no Brasil foi conduzida pelos padres e ordens religiosas, em especial, os Jesuítas. Mas a partir do gabinete do marquês de Pombal, o governo português assumiu vários aspectos da administração pública e instituiu os concursos para provimento de professores das chamadas “Aulas Régias”, que eram o ensino das primeiras letras (equivalente ao Ensino Fundamental I). A lei estabelecia que os candidatos a professor se submetessem a uma prova pública e entregassem atestados de moralidade e boa conduta, fornecidos por párocos e autoridades locais (Castanha, 2013).
Embora instituída no século XVIII para todo o reino de Portugal, os concursos demoraram para ser implantados no Brasil, e por isso, os editais em São Paulo só foram publicados em 1816. Nesse ano, foram postas para concurso vinte e quatro localidades, sendo uma delas Jacareí.
Para o cargo, concorreu Anastácio José Mendes, que já se apresentava como professor de música na cidade. Não se soube se havia mais concorrentes nem como se deram as provas, mas o fato é que Anastácio se tornou o primeiro professor público concursado de Primeiras Letras da cidade.
Anastácio havia nascido em Jacareí, em 1766. Não se sabe quem foram seus pais e nem como aprendeu seu ofício de músico e professor. Pela documentação, ele estava bem estabelecido na cidade, tinha 50 anos em 1816, era classificado como pardo e casado com uma mulher chamada Gertrudes Maria Buena, originária de São Paulo. É possível que tivesse filhos, mas como poderiam ser casados, não apareciam no mesmo registro domiciliar do pai (São Paulo, 1817).
Já como professor, foi testemunha da Independência do Brasil em 1822 e conheceu o príncipe regente dom Pedro que, a caminho do Ipiranga, pernoitou em Jacareí. No final da vida, em 1825, também presenciou o começo do plantio de café e a construção da primeira ponte sobre o rio Paraíba. Faleceu em 1826, tendo exercido o magistério público até o fim da vida (Jacareí, 1826).