IPHAN autorizou análise de remanescentes arqueológicos para projeto de pesquisadores brasileiros
O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) autorizou a saída de parte do acervo arqueológico do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba (MAV) para análise na Universidade de Harvard, no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos e na Universidade de Viena, na Áustria.
Esse processo começou a partir do contato da pesquisadora Maria Mercedes Martinez Okumura, integrante do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). Okumura faz parte do projeto Paleogenética de populações pré-históricas do território brasileiro, desenvolvido por ela e pelo pesquisador Ron Pinhasi, da Universidade de Viena, na Áustria.
O material arqueológico do MAV que está fazendo parte da pesquisa é uma amostra de ossos humanos pertencentes a um sepultamento tupi-guarani recuperado na região. Esse material foi recuperado em 2001 no bairro do Putim, em São José dos Campos e, desde essa época, encontra-se no acervo do museu.
Como o projeto visa a análise de DNA antigo de remanescentes humanos pré-históricos oriundos de sítios arqueológicos do Brasil, a amostra dos ossos será enviada para análise de DNA, nas duas universidades internacionais citadas. Harvard foi escolhida por ter parceria com a USP no procedimento de análises e Viena é responsável pelo financiamento da pesquisa.
Cláudia Queiroz, arqueóloga da FCJ, pontua a importância da pesquisa. “Por meio desse trabalho será possível a identificação do sexo do indivíduo, há quanto tempo viveu nessa região, possíveis causas de sua morte e informações imprescindíveis para a compreensão da ocupação do Vale do Paraíba por antigos grupos humanos e ainda desconhecidas por nós”. A assessora do MAV, Patrícia Cruz, acrescenta ainda que, “os trabalhos científicos apoiam o museu em sua missão de divulgação do conhecimento arqueológico e de valorização dos povos autóctones”, compartilha.
A autorização do IPHAN foi necessária, pois todo material arqueológico encontrado em solo nacional é proibido por Lei de sair do país. Dessa forma, para que não seja impedido na alfândega, o material deve ter sua saída autorizada pelo órgão competente.
Daqui para frente, com a liberação da instituição para envio do material e, posteriormente a análise dos remanescentes arqueológicos nas universidades de Harvard e Viena, a FCJ por meio do MAV, acompanhará a pesquisa e divulgará os próximos resultados.
Núcleo arqueológico da FCJ passa a receber visitantes
A partir do próximo dia 5 de outubro, o espaço que abriga a reserva técnica do Núcleo de Arqueologia, dentro do Centro de Memória, ficará aberto às terças-feiras, das 9h às 16h, para visitação com monitoria guiada.
Cláudia Queiroz explica que a reserva técnica visitável foi organizada para facilitar assim o acesso da comunidade às coleções arqueológicas, aos trabalhos que envolvem essas pesquisas e às medidas preventivas de conservação e preservação desses bens. “É importante que esses estudos não fiquem restritos somente às instituições de pesquisa, mas que sejam compartilhados com a comunidade através de ações visando a mediação entre o público e o bem cultural, facilitando sua apreensão e assim gerando apropriação, respeito e valorização pelo patrimônio cultural”, reforça a arqueóloga.
Não será necessário agendamento prévio. Serão permitidos grupos com cinco pessoas e a preferência será por ordem de chegada. O Centro de Memória está localizado na Rua Alfredo Schurig, nº 300, região central de Jacareí.
Legenda: Acervo arqueológico que estará aberto para visitação no Centro da Memória