As discussões e dinâmicas sobre como gerir as doações durante uma situação de calamidade marcaram o segundo dia e último dia do curso de Logística Aplicada em Operações Humanitárias e Desastres Naturais, na sexta-feira (27), em Jacareí. O evento fio realizado, por meio de uma parceria entre a Defesa Civil do Estado, UNESP e FATEC, com apoio da Secretaria Municipal de Segurança e Defesa do Cidadão.
Além de agentes da Defesa Civil, o curso contou com a participação de servidores públicos e profissionais de outras áreas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, Baixa Santista e grande São Paulo. Litoral Norte.
Para o especialista em Comércio Exterior Yuri da Cunha, que veio de São Paulo, o curso contribuiu muito para seus estudos futuros, já que pretende fazer mestrado em Logística Humanitária.
“Aprendi no curso que há diferentes tipos de crises humanitárias. E há casos em que o tempo de resposta é muito curto. E que também preciso estruturar a mentalidade da comunidade para agir. E um dos planos é usar o ‘efeito manada’ de forma positiva, que significa treinar as pessoas para reagir numa situação de calamidade e evitar vítimas”, comentou.
Ao abordar o tema “Gestão de Doações”, o professor e mestre em Engenharia de Sistemas Logísticos, Irineu de Brito, apresentou duas situações que ilustram a falta de preparo durante uma situação de calamidade no Brasil. Uma ocorreu durante uma enchente em Santa Catarina, em 2008, quando um frigorífico doou uma quantidade de botas, que estavam sujas de sangue, oferecendo risco de contaminação. “É uma doação ou ‘livração’? Essas botas tinham de ser descartadas”, frisou. E a outra situação, exibida em vídeo, foi sobre toneladas de roupas e calçados doados que foram parar no lixo. As roupas porque foram estocadas em local inadequado e acabaram sendo tomadas pelo mofo. E os calçados porque não foi possível localizar os pares. “Isso sem falar em alimentos vencidos e até sabonetes usados”, alertou.
Além da teoria, os participantes realizaram aulas práticas sobre a triagem organizada de alimentos, roupas, calçados e produtos de limpeza. E também como agir frente a uma situação de pânico. “São muitos detalhes para se atuar numa situação de emergência. Por exemplo, os pares de sapatos têm de estar juntos, tem de ter atenção para a validade dos alimentos”, pontuou a guarda civil de Jacareí Patrícia Dias. “O curso ensina que não basta ter boa vontade, mas é preciso qualificação. Isso vale tanto para profissionais quanto para o voluntariado”, completou.