O que leva uma pessoa a ter o desejo, e até mesmo a coragem, de tirar a sua própria vida?
Setembro é o mês de prevenção ao suicídio, uma atitude que passa pela cabeça de diversas pessoas que passam por algum sofrimento mental mais grave. Nessa situação, é imprescindível que a família, e até mesmo a própria pessoa, esteja atenta para perceber alguns sintomas e buscar ajuda profissional.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em todo o território nacional, a taxa de mortalidade é de 16 para cada 100 mil habitantes por mês. Deste montante, três delas se suicidaram.
Em Jacareí, é oferecido serviços de saúde para diversos graus de sofrimento mental, que pode acometer pessoas de diferentes idades, gêneros e classes sociais. A ajuda está próximo a todos, seja em alguma Unidade Municipal de Saúde da Família (UMSF), em um atendimento psicológico ou no Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II), que oferece serviço de portas abertas.
Sintomas – Marcado por um desejo muito forte de fuga e um sofrimento inundado de angustia, os sintomas que podem identificar uma pessoa vulnerável ao suicídio variam. Seja por um comportamento de isolamento social, abandono de responsabilidades, alteração de peso, uso abusivo de álcool ou drogas, entre outros, como a manifestação de expressões como “quero fugir”, “eu quero dormir pra sempre”, “não aguento mais essa vida”, são todos sinais, porém, é imprescindível que essas pessoas tenham contato com um profissional capacitado para o atendimento.
A médica psiquiatra Hellen Lima, que atua no CAPS, afirma que a família tem papel fundamental na prevenção e até mesmo no diagnóstico. “A família é a porta de entrada para o serviço, na maioria das vezes, pois é ela quem percebe alguns sintomas e acaba procurando ajuda”, comentou.
Ainda segundo ela, mesmo após o início do tratamento, a presença de familiares e amigos é fundamental no acompanhamento do paciente e no controle da medicação, por exemplo.
“Nosso sistema trabalha de portas abertas, o que significa que o paciente pode vir nos visitar sem prévio agendamento e ter os cuidados que precisa, sem a necessidade de ficar esperando. Afinal de contas, sabemos da urgência deste atendimento na maioria das vezes”, comentou Maria Luisa Palharose, psicóloga no CAPS.
Além do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, e do eventual uso de medicamentos no tratamento, o CAPS II também promove terapias e oficinas alternativas que auxiliam na recuperação e reinserção social do paciente. Atualmente, a unidade conta com psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social e enfermeiro. “Tem pacientes que vêm até aqui logo que abrimos as portas e ficam até fecharmos”, comenta Maria Luisa.
Desde junho de 2018, o Governo Federal disponibilizou gratuitamente, em todo o país, uma linha direta chamada CVV (Centro de Valorização da Vida), no número 188. Um atendente faz a escuta de qualquer paciente passe por dificuldades, funcionando como mais uma ferramenta de prevenção ao suicídio.
“Muitas vezes os amigos e familiares acreditam que mudando de assunto ou levando para compromissos sociais farão com que o problema da pessoa se resolva, quando na verdade é o contrário. O ideal é estar disponível e, sobretudo, prestar atenção no que a pessoa tem a dizer. Muitas vezes essa escuta é necessária no diagnóstico de tendências suicidas”, explica a psiquiatra Hellen Lima.
Serviço – Atualmente, Jacareí possui o CAPS II (rua Dona Nenê Namura Abib, 134 – Jardim Paulistano) e outras 18 unidades de saúde que podem fazer a acolhida e o direcionamento do paciente para os serviços de escuta e acompanhamento médico. Quando diagnosticado casos mais leves, que são encaminhados pelo CAPS II ou pela Unidade de Saúde, o paciente será atendidos no ambulatório de saúde mental do SIM – Serviços Integrado de Medicina.
Mais informações sobre os serviços podem ser obtidos pelo telefone (12) 3953-6210
(Victor Copola e Guilherme Mendicelli/PMJ – Foto: Cristina Reis/PMJ)