Com a proposta de oferecer um atendimento mais humanizado, o tratamento de saúde mental em Jacareí conta com o auxilio da arte na reabilitação dos pacientes. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II), serviço especializado de saúde para acolher pacientes com transtornos mentais, utiliza atividades artísticas como coral, pintura e artesanato como método de tratamento.
“As manifestações artísticas servem como um canal de comunicação para que os pacientes que sofrem de transtornos mentais graves possam dar espaço às vozes e conflitos internos, além de ser uma atividade terapêutica que contribui com a reinserção social e familiar, bem como a recuperação das próprias habilidades dos pacientes”, afirma o médico psiquiatra Davi Cardoso, que atende no CAPS II.
O coral é uma das atividades de maior destaque do CAPS II, além de ser a mais antiga. É composto por 20 pacientes e conquistou o respeito e reconhecimento de toda a cidade, acumulando diversos convites para apresentações.
Para a paciente Erica Sabrina, de 34 anos, que é um dos destaques do coral e iniciou tratamento no CAPS II após já ter passado por internação psiquiátrica e tentativas de suicídio, “sou uma outra pessoa, muito melhor. A arte como terapia, nos momentos em que estamos ruins, vem como um alívio. É um tratamento que contribui para se conhecer melhor e achar nossos próprios caminhos de estabilidade”.
Luta antimanicomial – Esta forma de atendimento é fruto de um longo processo de luta social que culminou com a reforma psiquiátrica, em 2001. O perfil de cuidado dos CAPS segue a linha dos princípios do SUS, que tem como principal base a universalidade, equidade e integralidade. Esse modelo vem substituindo progressivamente os hospitais manicomiais, que são norteados por princípios excludentes, opressivos e reducionistas, ou seja, no lugar do isolamento dos hospitais manicomiais, o convívio com a família e a comunidade.
Portas abertas – O CAPS tem uma política ‘portas abertas’ e qualquer pessoa pode buscar auxilio do serviço de saúde, passando pelo acolhimento e triagem para constatar a real necessidade de tratamento. A unidade conta com 900 pacientes referenciados, mas nem todos são ativos. Em 2017, já foram realizadas 523 consultas médicas e um fluxo mensal de 100 pacientes nas oficinas coletivas.
Atividades – Ao todo, o CAPS II realiza 20 atividades coletivas, entre grupos e oficinas terapêuticas. Entre eles, grupos de convivência com a família e papo aberto, cinema, dinâmicas, oficinas de fantoche, Jornal Mural, Madeira, lúdico-pedagógica, fantoches, pintura, fios, atividades corporais, bijuterias e dança circular. A grade é elaborada de acordo com a necessidade dos pacientes assistidos, considerando a oferta de materiais e funcionários.
Atualmente, 12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual.
O CAPS II está localizado na Rua Nenê Namura, 134 – Jd Paulistano.
(Guilherme Mendicelli/PMJ – Foto: Alex Brito/PMJ – Cristina Reis/PMJ)